Em uma ação do projeto integrador do curso de Medicina da UNIARP, os acadêmicos Luize Garbin, Erica Rech e João Marocco, desenvolveram um material informativo sobre a importância paterna no puerpério e a relação com a depressão pós-parto.
Saúde mental no puerpério: Depressão pós-parto
O que é?
A depressão pós-parto é uma doença que pode afetar a mulher ainda durante a gravidez, logo após o nascimento do bebê ou até 1 ano após o parto, causando sintomas como tristeza, choro excessivo, dificuldades de se relacionar com o bebê e sentimento de culpa.
Até então, achava-se que apenas as mulheres eram atingidas pela depressão pós-parto. No entanto, os avanços nos estudos têm comprovado que homens também podem desenvolver o problema.
A depressão pós-parto pode começar logo após o nascimento do bebê ou até 1 ano após o parto, podendo durar de duas semanas até alguns meses se não for diagnosticada e tratada adequadamente.
Para o diagnóstico da depressão pós-parto o psiquiatra, ou clínico geral, geralmente faz uma avaliação da duração e intensidade dos sintomas e sinais apresentados pela pessoa, além da aplicação do questionário Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS), para identificar os sintomas de depressão no pós-parto.
Sintomas:
A depressão pós-parto é um distúrbio de saúde mental que pode ocorrer após o nascimento do bebê e afeta aproximadamente 10% a 20% das mães em todo o mundo. Os sintomas incluem irritabilidade, mudanças abruptas de humor, indisposição, doenças psicossomáticas, tristeza profunda, perda de interesse pelas atividades do dia a dia e sensação de incapacidade para cuidar do bebê. É importante ressaltar que a depressão pós-parto pode se manifestar de maneira diferente em cada mulher, variando em intensidade e duração.
Os sintomas podem afetar significativamente a qualidade de vida da mãe, bem como a relação com o recém-nascido e a dinâmica familiar como um todo. Além disso, pode haver falta de interesse ou mesmo aversão ao bebê, e em casos graves, pode levar a pensamentos suicidas ou homicidas relacionados ao bebê. Por ser uma doença clinicamente confundível, é aconselhado procura médica e assistencial caso os sintomas persistam por mais de 2 semanas
Fatores de risco:
Com base em estudos, existem diversos fatores de risco que têm sido correlacionados com a Depressão Pós-Parto (DPP). Dentre eles, podemos citar mulheres que apresentam sintomas depressivos durante ou antes da gestação, bem como aquelas com histórico de transtornos afetivos.
Além disso, mulheres que sofrem de Síndrome Pré-Menstrual (TPM), que tiveram dificuldades na gestação ou passaram por tratamentos de infertilidade, que foram submetidas a cesariana, primigestas, mães solteiras, vítimas de carência social, que perderam pessoas importantes em suas vidas ou que vivem em desarmonia conjugal, também estão mais propensas a desenvolver a DPP.
É importante destacar que, embora esses fatores de risco possam contribuir para o desenvolvimento da DPP, eles não são determinantes. A DPP pode afetar qualquer mulher, independentemente de sua história ou situação social, econômica ou emocional. Por isso, é fundamental que mulheres em fase pós-parto fiquem atentas a quaisquer mudanças em seu estado de humor, comportamento ou disposição, bem como busquem apoio e orientação de profissionais de saúde caso apresentem sintomas de depressão pós-parto.
Tratamento incluindo rede de apoio:
Na depressão pós-parto, o tratamento pode incluir psicoterapia e/ou medicação. A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem comum e eficaz, que ajuda a identificar e alterar pensamentos e comportamentos negativos. Medicamentos como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) também são frequentemente prescritos. No entanto, a amamentação pode limitar o uso de medicamentos, e a decisão de tomar ou não medicamentos devem ser cuidadosamente discutida com um médico.
Além disso, a rede de apoio pode ser fundamental no tratamento da DPP, incluindo o suporte do parceiro, familiares, amigos e profissionais de saúde. Programas de intervenção domiciliar e grupos de apoio também podem ser úteis para ajudar as mulheres a lidar com a DPP e se recuperar.
Prevenção:
A prevenção da DPP pode envolver a identificação e o tratamento precoce de mulheres em risco de desenvolver a doença. Alguns estudos sugerem que a educação pré-natal sobre os sintomas da DPP, a identificação de fatores de risco e as estratégias de enfrentamento podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver a doença.
Referências:
BARATIERI, T.; NATAL, Sonia. Ações do programa de puerpério na atenção primária: uma revisão integrativa. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, p. 4227-4238, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/mzjxTpvrXgLcVqvk5QPNYHm/?lang=pt
DENNIS, C. et.al. Paternal prevalence and risk factors for comorbid depression and anxiety across the first 2 years postpartum: A nationwide Canadian cohort study. Wiley Online Library, v. 39, p. 233-245, 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34964202/
Organização Mundial da Saúde (OMS). (2018). Maternal mental health: World Health Organization. Disponível em: https://apps.who.int/iris/rest/bitstreams/1433523/retrieve