Modelo com peixes-zebra permite estudar infecções fúngicas e testar compostos naturais com potencial terapêutico
Pesquisadores da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP) desenvolveram um modelo experimental inédito para investigar infecções causadas pelo fungo Candida albicans, um dos fungos de grande impacto na saúde pública. O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), utiliza peixes-zebra (Danio rerio) adultos infectados por imersão — método pouco explorado e que representa um avanço significativo para a pesquisa biomédica.
A equipe é composta pelos pesquisadores da UNIARP Dr. João Paulo Assolini, Dr. Gustavo Colombo Dal Pont, Dra. Ariana Centa e Dra. Claudriana Locatelli, além de estudantes de graduação (Medicina e Biomedicina) e pós-graduação (Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Sociedade): Ricardo Cervini, Marcos Otávio Bueno, Letycia Vitória Correa, Vinicius Granemann Recalcatte, Me. Natan Veiga, Caroline Dombroski, Ana Luiza Lacerda e Eduarda Zemf. O trabalho conta também com a colaboração do pesquisador da UFSC Dr. Adriano Tony Ramos.
O estudo avalia como diferentes concentrações do fungo afetam comportamento, inflamação e respostas oxidativas dos animais. Como a infecção ocorre pela água, o processo reproduz condições mais naturais, permitindo acompanhar a progressão da doença e as reações do organismo de forma mais próxima da realidade biológica.
Segundo o professor Dr. João Paulo, coordenador do projeto, o uso da infecção por imersão em peixes-zebra adultos é considerado inovador porque evita procedimentos invasivos e amplia as possibilidades de análise. “O peixe-zebra é hoje um modelo bastante versátil na pesquisa biomédica, e essa abordagem nos permite estudar a interação entre o fungo e o organismo de forma integrada e precisa”, explica.
Ele explica que além de compreender os efeitos da infecção, o modelo também se mostrou promissor para investigar compostos naturais com potencial antifúngico, como extratos de plantas e resíduos agroindustriais. Entre eles, destaca-se o bagaço de uva, abundante na região e rico em substâncias bioativas. “Embora o estudo esteja em fase inicial, os resultados indicam que o modelo pode servir como plataforma para testar novos compostos, avaliar possíveis efeitos tóxicos, compreender mecanismos biológicos e orientar pesquisas futuras em diferentes áreas da saúde”, avalia Assolini.
O projeto reforça o compromisso da UNIARP e da FAPESC com o avanço científico regional e nacional, fortalecendo o protagonismo da instituição no desenvolvimento de pesquisas com impacto social, ambiental e na saúde.











