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Acadêmico desenvolve saneamento ecológico em propriedade rural de Caçador
O sistema de evapotranspiração é aproximadamente 40% mais barato que o sistema de fossa e filtro utilizado na maioria das residências do município
O acadêmico do 9° semestre do curso de Engenharia Civil da Uniarp, Osni Ribeiro Mello, resolveu construir na propriedade de João de Souza, na Linha Cachoeirinha, um tanque de evapotranspiração, popularmente conhecido como Fossa de Bananeira.
Durante o período de pesquisa de seu Trabalho de Conclusão de Curso, o acadêmico estudou os mais diversos sistemas desenvolvidos para a área rural, mas optou por aplicar o sistema de evapotranspiração por se tratar de um sistema sustentável e ecologicamente correto. “A Engenharia Civil é muito abrangente, eu escolhi a área do saneamento porque vi que é uma dificuldade e algo que ninguém dá importância”, explica.
Em sua pesquisa, Osni constatou que menos de 5% das residências da área urbana de Caçador possuem esgoto tratado, no restante é feito o pré-tratamento com os sistemas de fossa e filtro. “Na área urbana ainda se tem a alternativa de fazer uma estação de tratamento, já na área rural como é muito disperso é preciso ter um tratamento individual”.
Conforme explica o acadêmico, o tanque de evapotranspiração é um sistema autônomo, dimensionado de acordo com o número de moradores da residência, como é um sistema individual e isolado ele é adequado para residências isoladas e não para fazer parte de um sistema. “A principal vantagem é que todo o resíduo que entra nele é tratado e retorna para o ambiente, parte da água é evaporada pelo solo e a outra transpirada pelas plantas”, explica.
O tanque construído na propriedade de João de Souza é considerado um sistema modelo. A ideia do orientador de Osni, professor Thiago Borga, é que depois de concluído o tanque seja monitorado pelos acadêmicos para verificar a eficiência do sistema. “Além do baixo custo, o principal benefício desse sistema é que o esgoto tem um destino correto, sem causar prejuízo ao meio ambiente”, ressalta.
De acordo com Osni, o tanque de evapotranspiração na linha Cachoeirinha é o primeiro nesse modelo em Caçador, ele foi construído em parceria com o proprietário do terreno e a Fundação Municipal de Meio Ambiente (Fundema), que cedeu maquinário e parte do material.
Tanque de Evapotranspiração (TEVAP)
O tanque pode ser feito de diversos materiais (tijolo, bloco, ferro cimento). São necessários dois metros de largura e cerca de 1,20m de altura. O comprimento varia conforme a quantidade de moradores na residência, cada pessoa ocupa um metro de comprimento. Antes de iniciar as câmaras, o tanque é todo impermeabilizado, no centro é feito um canal de pneus e em volta são colocados 55 cm de resíduos de construção. “O primeiro processo é separar para que a água da torneira e do chuveiro não seja contaminada com a do vaso sanitário. O tanque de evapotranspiração faz apenas o tratamento das águas negras”, explica.
Em cima dos resíduos e dos pneus coloca-se uma camada de 15 cm de brita e outra de 15 cm de areia, o restante, cerca de 35 cm, é preenchido com terra para que possam ser colocadas as plantas macrófitas (bananeira, taioba, papiro). “O tanque faz o que chamamos de filtro de ascensão, porque o esgoto vai entrar lá na câmara de pneus, as bactérias anaeróbicas farão o primeiro consumo das matérias orgânicas e na medida em que ele vai subindo e tendo oxigênio, outros tipos de bactérias vão consumindo as matérias daquele composto orgânico, quando ele chega à zona da terra em que estão as raízes das plantas, as plantas sugam a água, aproveitando a parte orgânica para consumo e evaporando o restante pelas folhas, fazendo a evapotranspiração, que é o último processo”.
Texto e fotos: Jornal Extra Caçador-SC
Imprensa Uniarp





