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Mulher se forma em Direito aos 63 anos
Para Leila Alves Spegiorin uma palavra define o dia de hoje: vitória. Nessa sexta-feira, 19, ela irá colar grau em Direito pela Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp)
A mulher de 63 anos conta que quando jovem morava no interior e naquela época os estudos não eram prioridade, por isso estudou um pouco em cada escola e conseguiu se alfabetizar. “Quando eu vim para Caçador com meus filhos, eu comecei a sentir a necessidade de evoluir porque eu precisava acompanhar eles. Quando eu comecei a trabalhar na Sincol, aos 27 anos, eu era operadora de máquina de lavrar madeira. Lá eu comecei a ver que o mundo é competitivo e que eu precisava voltar a estudar”, afirma.
Como não havia nem concluído o ensino primário, Leila teve de fazer o mobral na escola Dante Mosconi, um projeto da época em que os alunos concluíam os ensinos até a 5ª série. Após concluir o mobral, Leila continuou estudando até a 8ª e concluiu o ensino fundamental.
Por causa do trabalho como atendente em enfermagem, Leila parou os estudos para fazer cursos específicos da área.
Quando o município recebeu um dos primeiros colégios com curso supletivo, Leila voltou a estudar e concluiu o ensino médio aos 43 anos, logo em seguida, prestou vestibular e começou a graduação em Pedagogia. A vontade de fazer Direito coincidiu com o nascimento do neto e Leila decidiu parar a faculdade por um semestre, mas acabou ficando nove anos afastada. “Sempre pensando em voltar”, frisa.
Leila conta que sempre deu prioridade para o estudo dos filhos, os três possuem formação acadêmica, em Enfermagem, Engenharia Florestal e Pedagogia. Ela admite que tentou influenciá-los a fazer Direito, mas percebeu que esse era o seu sonho e não de seus filhos.
A escolha pelo Direito, ela explica que se deu pelo fato de não admitir injustiça. “Eu escolhi fazer Direito porque eu acho que somos muito lesados dos nossos direitos por não termos conhecimento. Em 2008, eu falei com a coordenadora do curso de Direito e as aulas começavam naquele dia”, recorda.
A partir dali, todos os dias foram de superação. “Eu comecei o curso, mas não fazia todas as matérias. O que me atrasou foi que a mãe ficou doente e eu diminuí as aulas. No ano em que minha mãe faleceu eu reprovei em três matérias, não queria mais voltar, fiquei muito abalada”, conta.
Por não ter o domínio do computador, Leila conta que teve muitas dificuldades. “Pensei em desistir muitas vezes, principalmente, no estágio, achava que não ia conseguir. Enquanto meus colegas faziam as pesquisas pela internet, eu tinha que ir atrás de livros”, conta.
Com persistência, muita dedicação e o apoio da família, colegas de aula e professores, Leila conseguiu. “Eu sempre gostei do ambiente da faculdade, a juventude me fazia bem e meus colegas sempre estiveram preocupados comigo, me ajudando”, ressalta.
A formanda afirma que já traçou sua próxima meta: ser aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Para isso, Leila pretende iniciar em um cursinho preparatório. Para ela, o segredo para alcançar aquilo que se deseja é nunca pensar “eu não sei” ou “eu não consigo”. “Os jovens têm mais facilidade, nós precisamos de concentração e dedicação em dobro, mas não é impossível e nunca é tarde. Eu dizia que se eu morresse sem terminar a faculdade de direito eu pediria para voltar terminar, graças a Deus não vou precisar voltar”, brinca.
Hoje, segundo Leila, apenas uma frase resume tudo àquilo que vivenciou durante a vida acadêmica: “Eu venci”.
Fonte: Jornal Extra
Imprensa Uniarp





